O Êxito


Ter êxito exige um olhar lúcido sobre si próprio e sobre os outros, assim como de uma vontade persuasiva, do desejo profundo de atingir uma meta. Quando tu pensas no êxito, não o faças numa divagação nebulosa, sem paixão, sem força. Considera-o com amor, acarinha-o, toma conta dele nos teus sonhos, no teu coração. Então ele tornar-se-á visível.

O êxito é o fruto de um perfeito conhecimento de si próprio e dos mecanismos do mundo. O êxito social fica frágil, ameaçado, se não tiver as suas raízes no êxito interior.

Realizar plenamente a sua vida, é, em primeiro lugar, conseguir a paz consigo próprio, sem perder o gosto e o fervor de viver.
O que tu perdes, tornas sempre a encontrá-lo, mas de um modo diferente. Cultiva a paciência e as coisas virão ter contigo.

Aceita a provação. Na vida tudo te será dado: o medo, a felicidade, a dor, as angústias, a alegria, os sorrisos...

Reconhece o valor do outro, se queres progredir.

Os obstáculos que te impedem de avançar não são definitivos. Olha para eles de modo diferente e hás-de vê-los mudar.
O êxito é relativo. É feito ao mesmo tempo de ouro e de simplicidade. Aprende a olhar para uma flor com espanto, e poderás subir aos mais altos cumes.

Basta uma meditação de alguns minutos, cada dia, para que a vida fique transformada. Deves ter cada dia um pensamento feliz para toda a criação, e a alegria ser-te-á dada.

Não edifiques de uma maneira frenética, turbulenta. Enraíza a tua construção, dá-lhe raízes profundas. Não esqueças que toda a criação vem do coração e volta para ele. Nunca edifiques fora do amor e do desejo de servir o mundo, se queres realizar em plenitude a tua vida.

Sem realização espiritual, não haverá êxito, seja qual for o nível da tua vida. Realizar plenamente a sua vida, é reencontrar em si a perfeição do universo.

O êxito pessoal está ligado ao êxito dos outros. Nenhum sol brilha sozinho no universo. Tudo está ligado de modo irremediável, como os membros de um corpo.

Não se triunfa à custa dos outros, sem que eles o saibam, mas partilhando com eles uma maravilhosa aventura comum. O que está separado, desligado, acabará por se apagar e morrer. Somente o amor salva o mundo, e o impede de se destruir, de regressar ao nada.

Não tenhas em conta os ganhos da vitória. Tornam o espírito pesado e envenenam-no. Aprecia-os com respeito e humor, como os sinais da tua realização. São apenas elementos secundários na tua progressão. Sinais, iluminando o teu caminho.

Realizar-se em plenitude exige uma grande renúncia. Aquele que se apega aos frutos das suas obras deixa de progredir. Dá-se então conta de que está preso, paralisado pela sua própria criação. Desprende-te pela meditação, sem renunciar às tuas obras. Deixa de acumular, se queres realizar plenamente a tua vida. O açambarcamento material não passa de uma paródia da felicidade.

Divide o espírito e torna-o pesado. Torna-te de novo leve.

Não se ganha uma corrida para si próprio, mas para se ser amado pelos outros e merecer o seu respeito. Não consideres o êxito pessoal como uma façanha egoísta. Ele deve aproximar-te dos outros, da sua fraternidade.

O fracasso abre por vezes os olhos do coração. Nele vemo-nos nus, sem protecção, frágeis e doentes - isto é, sinceros e humanos, libertos dos artifícios, das falsas protecções, que de nada serviram. O fracasso compreendido, profundamente meditado, pode tornar-se no primeiro degrau do êxito.

A elevação social do homem deve estar desprovida de orgulho e de arrogância, se ela quiser realizar plenamente a vida, e fazer de cada acção - por mínima que seja — um esplendor irradiante.

Realizar-se sem destruir os outros, é participar nas leis de harmonia do universo.

Aquele que amontoa egoisticamente, que se esquece de redistribuir uma parte dos seus ganhos pelos outros, torna a terra estéril, e impede as próximas colheitas. Ter êxito, não é ganhar para acumular, mas dar para melhor receber.

Nós crescemos para construir, para dar à luz, para realizar a vida, e não para destruir, para suprimir ou diminuir. A vontade, a lucidez e o amor são as três chaves de ouro do êxito.

Aprende a meter-te na pele dos outros. Deves pôr-te no lugar deles, experimentar as suas sensações, as suas emoções, para compreender realmente quem eles são e de que maneira reagem. Então, os teus parceiros sociais já não serão adversários, mas aliados, cúmplices.

Aprende a trabalhar para ti próprio e para a beleza do mundo. Reencontra o entusiasmo dos exploradores, dos construtores de impérios, que visam a mais longínqua linha de horizontes para cumprir as suas obras. A cada instante da tua vida, reencontra a alegria das grandes partidas.

Sem audácia, nenhum projecto é realizável.

Triunfar é antes de mais fazer-se amar pelos outros.

Nas provações difíceis, vira-te para o teu próprio coração, toma refúgio em ti, e sobe mais uma vez à superfície com novas forças.
O êxito do homem de sabedoria não é um edifício efémero, destinado a ser destruído. É como uma ponte, um ponto de passagem entre dois mundos. Todos os êxitos humanos não são senão uma preparação para a passagem, para a mudança do mundo. Deves conseguir a travessia. É assim que o adepto se torna um buda, um iluminado. A vida é o caminho duro que leva até lá.

Não tenhas medo de pedir muito à sorte, às circunstâncias da vida e aos deuses protectores, segundo as tuas crenças.

Tu és lúcido e conheces a brevidade da vida entre o nascimento e a morte.

Aproveita-a. Utiliza a vida como uma via rápida para atingir a Sabedoria.

Não percas tempo. A tua vida começa hoje.

No teu caminho, não existe outro adversário que não sejas tu. Não ganhes o hábito desastroso de dividir o mundo em "amigos" e "inimigos". Que todos os teus actos sejam virados para a alegria e a paz. O único guerreiro que vale a pena é aquele do combate interior. Pois este é o único combate digno do homem.

Quando se apóia no orgulho, o êxito nunca dura muito tempo. Devora-se a si próprio e arrasta o homem na sua queda. Engole-o como o faria um monstro mitológico.

O trabalho bem feito é, ao mesmo tempo, acção e meditação. Uma vez terminado, não fica exterior a ti, desligado, como ficam demasiadas realizações humanas. Mantém-se na luz do coração.

Trabalha sempre pensando na alegria dos outros. Não triunfes para ti, mas para aqueles que te estão próximos. A alegria deles será a coroa de ouro do teu êxito.

O paradoxo do sábio: para viver livre é preciso saber-se mortal, e para se saber mortal, é preciso ter tomado plena consciência da sua imortalidade.

Por: Dugpa Rinpochê
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